A Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) teve início hoje com o discurso de abertura do presidente, D. Manuel Clemente. Numa declaração aos jornalistas sem possibilidade de perguntas, o Cardeal-Patriarca de Lisboa elencou os vários assuntos que irão ser debatidos, começando desde logo por um dos assuntos mais polémicos, a questão dos abusos sexuais de menores por parte de pessoas do clero, afirmando que «acolhemos inteiramente tudo quanto o Santo Padre decidiu e decida neste campo. Como aliás o vimos fazendo, também no seguimento do que estabelecemos em 2012», referiu perante a assembleia dos bispos e os jornalistas presentes.
Sobre a Jornada Mundial da Juventude de 2022, que se irá realizar em Lisboa, D. Manuel Clemente referiu que espera um evento que recupere o que «o Papa Francisco nos tem dito sobre a evangelização em geral». «Baseia-se esta na experiência existencial do encontro com Cristo, que levará, essa sim, a conhecê-Lo melhor e a viver segundo os seus ensinamentos», afirmou.
O evento irá acontecer em Portugal, afirma D. Manuel Clemente, fruto do «crescente desejo de tantos jovens católicos, militantes em comunidades e movimentos», cujo dinamismo se reflete nas várias «ações missionárias» dentro e fora do país, onde reside «a base e o impulso para o que acontecerá com os jovens e para os jovens de Portugal e do vasto mundo católico que aqui se fará presente».
Segundo o presidente da CEP, o mesmo foi-lhe pedido pelo Papa Francisco na audiência que lhe concedeu por causa da JMJ. «Posso também acrescentar que as indicações do Papa Francisco, que acima citei, me foram resumidas por ele próprio na audiência concedida a propósito da JMJ 2022: que sejam de evangelização ativa e missionária por parte dos jovens, que assim mesmo reconhecerão e testemunharão a presença de Cristo vivo».
Documentos sobre o matrimónio e a Europa
No seu discurso de abertura. D. Manuel referiu ainda que os bispos irão aprovar dois documentos, uma sobre o matrimónio e outro sobre a Europa. Sobre a preparação do matrimónio, o documento irá incluir «uma série de indicações necessárias e práticas para a preparação do matrimónio, atinentes à maturidade e ao relacionamento mútuo; ao projeto familiar, ao respetivo amadurecimento e à superação de conflitos; à comunidade cristã como lugar de entreajuda e celebração familiar; à doutrina sobre o sacramento, suas propriedades e fins», até porque, criticou D. Manuel Clemente, «na sociocultura envolvente há muita contradição com a proposta matrimonial e familiar cristã. Por isso – como quando há dois milénios começámos – importa que esta seja claramente apresentada aos que desejam segui-la».
Sobre as eleições europeias, o documento que irá ser publicado reforçará a posição da Igreja sobre os assuntos que já são conhecidos. «É à sua luz que a proposta olha a realidade que mais diretamente nos toca, da defesa da vida, dos nascituros aos idosos; das condições materiais e laborais que a garantam e à liberdade religiosa; das obrigações de cada cidadão para o bem comum de todos, sem alheamento nem corrução; dos migrantes, seus direitos e contributos; do direito à propriedade privada ao destino universal dos bens; da ecologia à solidariedade intergeracional; do indispensável papel do Estado à sua subsidiariedade em relação às iniciativas dos cidadãos e dos grupos, no campo educativo e social».
A Assembleia Plenária reúne até 5f, altura em que será divulgado o comunicado final e haverá uma conferência de imprensa conclusiva.