O CPM (Centros de Preparação para o Matrimónio) é um movimento de leigos e sacerdotes, reconhecido pela Igreja Católica, e que tem por objetivo a preparação de noivos para o Sacramento do Matrimónio. Pretende-se caminhar com os noivos na construção de um projeto de felicidade familiar vivida em consciência e liberdade como sacramento, tomando consciência de que:
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“o bem da família é decisivo para o futuro do mundo e da Igreja” (AL 31),
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o “matrimónio não é uma convenção social, um rito vazio ou o mero sinal externo de um compromisso, mas uma vocação que nos lança para diante, com a decisão firme e realista de atravessarem juntos todas as provações e momentos difíceis (AL72);
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“quem vive intensamente a alegria de se casar não está a pensar em algo de passageiro” (Al123), e assim a celebração litúrgica não é o fim do caminho (AL211),
Para isto, o CPM realiza encontros de partilha e testemunho sobre temas relativos ao matrimónio e à vida em casal e em família, que permitem fazem caminhar na descoberta/reconhecimento que:
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“o matrimónio é uma combinação necessária de alegrias e fadigas, de tensões e repouso, de sofrimentos e libertações, de satisfações e buscas, de aborrecimentos e prazeres, sempre no caminho da amizade que impele os esposos a cuidarem um do outro (AL126)
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o matrimónio é o início de uma comunidade de vida e amor (FC 48), que coloca o “verdadeiro amor entre marido e mulher” no centro da família,
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as famílias, quando vivem no amor e realizam a sua vocação, são “a primeira escola dos valores humanos, onde se aprende o bom uso da liberdade” (AL274), e devem continuar a ser lugar onde se ensina a perceber as razões e a beleza da fé, a rezar e a servir o próximo (AL287).
De igual modo, o CPM colabora na preparação imediata dos noivos para que vivam intensa e profundamente a celebração litúrgica (AL 213), entendendo e assumindo o compromisso das suas vidas, para que possam “sentir e saborear interiormente” (AL 207) cada gesto do ritual do sacramento do matrimónio, que é sinal do amor de Cristo que se entrega totalmente pela Sua Igreja. O mesmo Cristo que há de “iluminar as crises, angústias e dificuldades” fazendo-se presente cada dia em que o casal vive, cresce no amor e em família, celebra e reza unido, cai e se reergue, e se renova.
Em resumo, CPM não é um curso, mas uma caminhada de preparação para o matrimónio, nunca acabada, sempre original e construída por cada casal, noiva e noivo, que com “entusiasmo e coragem aceitam este desafio” (AL40) e recebem a missão e o dever de “em cada momento ser reflexo do amor de Deus e fazer feliz aquele(a) que Deus lhe confia” (Ir.RT).
História
Durante a 2ª Guerra Mundial, em França, alguns casais, preocupados com a desintegração de numerosas famílias e com a necessidade de aprofundar a sua espiritualidade conjugal, começaram a reunir-se, e, com a ajuda de um Sacerdote – Padre Caffárel – a compartilhar em equipa os pontos positivos e negativos da sua vida conjugal e familiar. Assim surgiu o movimento das Equipas de Nossa Senhora (Équipes de Notre Dame). A experiência de trabalho em equipa nem sempre foi fácil. A maior dificuldade provinha da falta de hábito em «falar» (dialogar) com o outro e sobretudo em saber «ouvi-lo». Refletindo sobre esse facto, concluíram que nenhum deles tinha tido uma preparação adequada para o Matrimónio.
Em 1952, o casal M. Pillias, em conjunto com outros e sob a orientação do Padre Alphonse” d’Heilly, S. J., deixam as Equipas de Nossa Senhora, debruçam-se sobre as carências espirituais e humanas evidenciadas pelos jovens que se apresentavam para contrair matrimónio e tentam dar-lhes resposta através de um meio acessível, cristão e pedagogicamente adequado.
(Caderno nº 9 da FICPM, pág. 27). Em 1956, depois de escolherem a temática e a pedagogia apropriadas, fundaram o CPM (Gaspar Mora e Ignasi Salvat, «Hacer Caminho con las Parejas», pág. 262). A metodologia e a pedagogia escolhidas, não obstante as adaptações de tempo e lugar, ainda mantêm as linhas mestras que estiveram na sua origem.
O CPM expandiu-se pela França, a seguir por Portugal e mais tarde por vários países da Europa Ocidental, Canadá e Madagáscar.
Em 2023, e após entradas e saídas de países filiados na Federação Internacional do CPM (FICPM) está ativamente implantado na Bégica, Espanha, França, Itália, Luxemburgo, Madagáscar e Portugal.
Em Portugal o CPM existe desde 20 de Março de 1960. (Estatutos, artº 1, nº 2) estando atualmente ativo em quase todas as dioceses do País. Foi lançado em simultâneo nas dioceses do Porto e, Lisboa por iniciativas e vias diferentes. No Porto, surgiu devido a contactos que um casal das Equipas de Nossa Senhora teve com o CPM, em França, sendo decisiva a intervenção do então Bispo D. António Ferreira Gomes; em Lisboa, devido às relações existentes entre o Padre d’Heilly – fundador e grande impulsionador do CPM, que habitualmente passava férias em Portugal – e alguns casais portugueses.
A Federação dos Centros de Preparação para o Matrimónio (CPM-Portugal) tem Estatutos aprovados pela Conferência Episcopal em 10 de Abril de 1991, goza de personalidade jurídica desde 1 de Julho de 1991 e está inscrita no Registo Nacional de Pessoas Coletivas desde 21 de Abril de 1994.
A estrutura CPM
A estrutura básica do CPM é, no entanto, o Centro local, que é classificado, conforme a sua abrangência, como paroquial, interparoquial, vicarial, arciprestal/ouvidoria ou regional. É a partir desse Centro local que o movimento se organiza, depois, em estrutura diocesana, nacional e internacional.
Cada equipa de base é constituída por 6 ou 7 casais, dos quais um é o coordenador e os restantes animadores, e por um assistente, normalmente um sacerdote. A sua preparação para a ação pastoral com os noivos assenta na revisão de vida em casal e na partilha da mesma em equipa. Trata-se de um grupo de cristãos empenhados e dispostos a testemunhar a sua vida conjugal, com intuito de ajudar os noivos a refletirem sobre o passo que desejam dar, contribuindo, assim, para a constituição de lares felizes.
Como refere a apresentação do CPM no seu Guia de Diálogo, um instrumento de orientação metodológica, “não são técnicos nem especialistas, mas casais cujas dificuldades, ao nível conjugal e familiar, têm sabido ultrapassar pelo diálogo, pelo perdão e pela compreensão. Esforçam-se por viver com alegria o amor que os une e testemunham que esse amor é possível durante toda a vida.”
Metodologia
A preparação CPM assenta numa pedagogia e metodologia próprias, baseadas em três pilares fundamentais: revisão de vida dos casais, trabalho de reflexão dos noivos e testemunho vivencial dos casais.
Esse trabalho de reflexão dos noivos desenvolve-se em seis sessões, com os seguintes temas: “Uma comunidade de amor”, “Matrimónio – Sacramento”, “Diálogo e gestos de amor”, “A fecundidade do casal”, “Nova situação – Novas exigências” e “O amor ao longo da vida”.
Em cada sessão há momentos de trabalho de grupo, de convívio, de plenário, de testemunho de um casal, de intervenção do assistente e de oração.
Neste contexto, o papel do assistente é o de acompanhar a equipa na preparação do CPM e na sua própria formação e crescimento humano e espiritual, estar ao serviço dos noivos durante as sessões e ajudá-los a descobrirem a dimensão espiritual do matrimónio e a conseguirem “um amor de qualidade”, numa descoberta do “ser” e do “existir” da família como “Igreja doméstica”.